Uma realidade que geralmente me deixa angustiado a respeito do protestantismo, genericamente falando, é a crença de que cada indivíduo É a igreja. De que cada indivíduo pode, por conta própria, perceber seu pecado e ter a certeza “vinda do Espírito” de que seu arrependimento é sincero ao ponto de pedir perdão diretamente a Deus e ter a certeza de que foi perdoado, mesmo quando Cristo claramente confere à Igreja, através dos Apóstolos, a capacidade de comunicar o perdão.
Por que me angustio? Ora, porque estamos falando de uma “religião” que se baseia no Sola Scriptura, mas que fecha os olhos para:
“Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós. Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (João 20, 21-23).
“Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu” (Mateus 18, 18).
“Ora, para que saibais que o filho do homem tem na terra o poder de perdoar os pecados” (Mateus 9, 6).
“Vendo isto, a multidão encheu-se de medo e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos homens” (Mateus 9, .
“Pessoas de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele. Confessavam seus pecados e eram batizados por ele nas águas do Jordão” (Mateus 3, 5-6).
“Muitos dos que haviam crido vinham confessar e declarar suas práticas” (Atos 19, 18).
No último caso, porque ir a algum lugar se se confessa diretamente a Deus?
Se conferessarmos os nossos pecados a Deus, ele é fiel e justo? Sim! Mas Deus escolheu a forma de irmos a Ele e essa forma é através da igreja e não da sua imaginação fértil.
De maneira geral, no protestantismo há a tese de que se pode pedir perdão “diretamente a Deus”, como se a exclusão da Igreja, corpo de Cristo, do seu papel estabelecido pelo próprio Cristo no Evangelho de São João, fosse uma hipótese plausível de se recorrer a Deus.
Quando se faz isso, o membro substitui-se à igreja e nesse sentido vive de fato como se fosse, ele, a própria Igreja.
Com certeza é próprio do arrependimento necessário à confissão a tentativa de reparação do erro, mas há pecados que, por sua natureza, são impossíveis de se reparar materialmente, por isso a necessidade da penitência, que é uma forma de satisfação espiritual.
Quando fazemos tudo isso por conta própria, sem a Igreja, nos substituímos ao papel da Igreja e, por isso, mesmo sem nunca ter sido ensinado que a “Igreja sou eu”, na prática pratica-se isso.
0 Comentários
Os comentários são exclusivos para assinantes do Deo Vero.