Primeiramente, domingo próximo, a Igreja estará encerrando o tempo pascal com a Solenidade de Pentecostes, que faz memorial do dom do Espírito Santo. Durante cinquenta dias, de um modo intenso e rico em símbolos, palavras e emoções, os católicos celebramos a Ressurreição do Senhor.
Agora, este tempo finda com a Solenidade de Pentecostes, que faz memorial do dom do Espírito Santo feito pelo Cristo ressuscitado à Sua Igreja. Acima de tudo, nós católicos cremos com firme certeza que Cristo ressuscitou, isto é, atravessou o mar da Morte e entrou na Glória e na plenitude de Deus, Seu Pai.
Em outras palavras cremos que Ele está totalmente transfigurado, plenificado, glorificado, da própria Vida divina, tanto no Seu corpo quanto na Sua alma humana.
Ele, feito totalmente humano como nós, agora Se encontra totalmente divinizado na Sua humanidade. Na sua humanidade, de um modo que não conseguimos imaginar, o Senhor Jesus, na potencia do Espírito, entrou na Glória do Deus triuno, nos Céus, na incomensurável Vida do próprio Deus!
Jesus Cristo agora é nosso Senhor
O Senhor Jesus Cristo agora é nosso Senhor, é nosso Juiz, é Cabeça da Igreja, é plena e perfeitamente nosso Sumo Sacerdote, Sacerdote “para o Eterno” de Deus!
Com toda convicção, cremos que essa Ressurreição e transfiguração do nosso Jesus foram realizadas pelo Pai, que derramou sobre Ele o Espírito Santo, Deus como o Pai, Deus como o Filho.
Esse Espírito Santo é principio de Vida divina, de divina energia e de dinamismo do próprio Deus. Ao passo que como o fogo pode impregnar e transfigurar uma barra de ferro, deixando-a totalmente reluzente, também o Santo Espírito impregnou a transfigurou a humanidade de Jesus, de modo que ela agora é plena, totalmente desabrochada, plenamente glorificada!
Aquilo que, para nós, ainda é desejo e sonho – Vida eterna, felicidade sem limites, vigor pleno, vitória sobre nossas mazelas, realização do nosso coração carente – para o Senhor Jesus é uma eterna e resplendente realidade. Tudo isso o Pai realizou Nele ao ressuscitá-Lo no Espírito Santo.
Cheio desse Espírito, o Senhor Jesus, Homem divinizado, de junto do Pai, do interior da Vida divina e inefável do Deus Uno e Trino, derramou sobre nós este Santíssimo Paráclito.
Os apóstolos experimentaram a ação potente e transformadora desse Espírito do Senhor Jesus já na mesma tarde da Páscoa, quando o Ressuscitado soprou sobre eles e lhes disse: “Recebei o Espírito Santo”, dando-lhes a Vida divina.
Depois, em Pentecostes, novamente experimentaram a ação do Espírito, como Força do Ressuscitado que os impelia para a missão de anunciar Jesus.
Nós também, confiados na promessa de Cristo, acreditamos e sabemos e experimentamos que tal ação do Espírito não se restringiu aos Apóstolos ou aos primeiros cristãos.
O dom do Espírito Santo é feito a todos
O dom do Espírito é feito a todos os discípulos do Cristo, num Pentecostes continuado, através de sete sacramentos que o Senhor entregou à Sua Igreja. Em cada um deles, o cristão faz uma experiência viva e real do Espírito do Senhor, que nos une ao Cristo, vai nos transfigurando Nele e nos dá acesso a Deus, nosso Pai.
Em suma a vida cristã é um misterioso dinamismo de união real com Cristo no Espírito, até sermos totalmente impregnados da Vida Daquele que por nós morreu e ressuscitou.
Por exemplo no Batismo, o Espírito nos é dado como Vida nova do Cristo ressuscitado; na Crisma, como Força para testemunhar o Senhor; na Eucaristia, o Espírito de amor que Se imola, impregna o pão e o vinho a ponto de fazer deles Corpo e Sangue do Senhor morto e ressuscitado; na Confissão, Ele é dado como Espírito de remissão dos pecados; na Ordem, Ele é Espírito de unção para gerar aqueles que, em Nome de Cristo e a Cristo configurados, apascentarão o rebanho; no Matrimônio, Ele unge o amor humano para que seja imagem e sinal do próprio Amor de aliança entre Cristo e a Igreja; na Unção dos Enfermos, Ele é Espírito de consolo e força para unir nossas dores às de Cristo.
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Note, meu Amigo, a centralidade da experiência do Espírito Santo para a vida dos cristãos! Estes são homens e mulheres que devem ser impregnados e conduzidos pelo Espírito.
Não somos simples admiradores de Jesus ou Seus “seguidores”. Em suma somos aqueles impregnados realmente pela Vida que faz Jesus, o Cristo, viver, isto é, pelo Espírito de Jesus. Ou isso, ou não somos cristãos de modo algum!
A relação entre o Senhor Jesus e os cristãos
Portanto, a relação entre o Senhor Jesus e os cristãos não é simplesmente de um sentimento, mas há algo de concreto, misterioso, sacramental: nós Nele e Ele em nós, nós membros de Seu Corpo e Ele nossa Cabeça, nós somos os ramos, Ele é a Videira verdadeira!
Por fim, nós cremos, conforme as promessas do Senhor, que o Seu Espírito impregna toda a vida da Igreja, de um modo profundo, visceral, tantas e tantas vezes imperceptível…
Primordialmente é pelo Espírito do Ressuscitado que a Igreja é Santa, porque santificada por Ele; por Ele ela permanecerá viva até o fim dos tempos, por Ele não trairá nunca a fé apostólica recebida uma vez para sempre, por Ele também essa doutrina não fica presa de modo esclerosado a um passado, mas vai sempre progredindo e aprofundando a compreensão do mistério de Cristo nas várias mudanças dos tempos.
Também por obra e presença desse Espírito, os cristãos experimentam Jesus como alguém vivo, os cristãos “veem” Jesus na Sua Palavra, nos sacramentos, na vida da Comunidade dos discípulos, nos acontecimentos e circunstâncias da vida e do mundo.
Essa experiência faz com que os cristãos interpretem as realidades do mundo de modo diferente dos não-cristãos. Jesus afirmou claramente que nós haveríamos de vê-Lo novamente e o mundo não mais O veria. Isso não é brincadeira!
A ação do Espírito Santo
Nós fazemos sim essa experiência incrível: fazemos a experiência real e profunda do Senhor Jesus vivo e a nós presente na potência do Seu Espírito Santo. Eis a inspiração para o nosso modo de pensar e agir… Claro que o mundo não poderá nos compreender, porque não tem essa experiência fundamental que condiciona o nosso modo de ser e viver…
Daqui derivam as diferenças de opções – às vezes clamorosas – entre a Igreja e o mundo. E quanto mais o mundo fechar-se numa razão autossuficiente e imanentista, tanto mais essas diferenças vão aparecer de modo exasperado, até, às vezes, à contraposição e ao conflito.
Jamais poderemos impor a ninguém nossa experiência e devemos sempre respeitar as convicções dos outros, que não creem como nós, mas, doutra parte, jamais poderemos negar ou esconder aquilo que para sempre transfigurou nosso coração e mudou nossa vida.
É que a ação desse Espírito, além de nos fazer testemunhar Jesus sem medo, enche-nos de um vigor e um consolo tais, que espantam toda dúvida e infundem em nós a mais doce e profunda e suave certeza. Na força do Espírito é que os mártires de ontem e de hoje deram a vida para testemunhar seu Senhor!
Eis, alguns dos frutos do Espírito do Ressuscitado…
Eis o Espírito Santo, Vida da nossa vida, esse ilustre Desconhecido…
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