Muito pior que Halloween, hoje é o dia da Reforma. Dia de lermos as bizarrices de sempre e, claro, preciso eleger uma fraude de estimação para comentar aqui e fazer muita gente perceber o quanto o protestantismo gosta de se aproveitar de fraudes para distorcer a história.
Em uma publicação protestante tive que ler:
“Tetzel tinha autorização do Papa Leao X para vender indulgências e as indulgências eram o perdão de pecados presentes e futuros
Antes de mais nada, deixem-me colar uma das 95 teses de Lutero para que vocês vejam a desonestidade desse povo:
“71. Quem fala contra a verdade da indulgência apostólica é anátema e maldito”
O próprio Lutero acreditava nas indulgências e mudou de ideia apenas após a sua “reforma” virar verdadeira revolução.
A verdade
Tetzel aderia a uma corrente teológica minoritária na Igreja e que não refletia qualquer verdade doutrinal: a ideia de que a mera venda de indulgências para almas mortas lhes garantiam o céu. Grandíssimos teólogos da Santa Igreja, como o Cardeal Caetano, combateram bastante essas extravagâncias e o próprio Papa já havia emitido a bula sobre indulgências que não dava qualquer abertura a essa posição, como reconhece Lutero.
O que são indulgências?
Quando pecamos geramos um dano espiritual a nossa alma, mas também um dano material no mundo. Exemplo disso é o dano provocado por uma difamação. O pedido de perdão no confessionário nos restitui ao amor divino, mas isso não soluciona o dano a imagem, honra e reputação de quem foi difamado. Daí a necessidade das boas obras e a indulgência é dada como recompensa a essas obras direcionadas a sanar, mesmo que através da oração apenas, os danos materiais causados pelo nosso pecado. As penas oriundas desses danos materiais são chamadas de penas “temporais”. Se não sanadas tais penas nessa vida, por estarmos restituídos no amor de Deus pela confissão, mas não termos tido a caridade necessária para “compensar” os danos que causamos no mundo por nossas más ações, purgaremos essas penas no purgatório e só após tal purgação poderemos ir ao céu.
A doutrina católica sobre a indulgência sempre foi muito clara e Tetzel não prometia esse perdão futuro para os vivos, mas para os mortos, o que também era um erro, já que a doutrina católica sobre as indulgências não trata pessoas vivas e mortas da mesma forma e o efeito da indulgência após a morte não é certo.
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Outro erro de Tetzel foi o de vender as indulgências sem ressaltar a necessidade do estado de graça para lucra-las, quanto aos vivos.
Por essas coisas Tetzel foi condenado pela igreja. (Tamanha era a autorização papal)
Em muitas outras teses Lutero mostra que conhece que as práticas ilegais não derivavam da doutrina em si, mas de erros conduzidos pela malícia de alguns pregadores.
As indulgência existem até hoje. A única coisas banida pela Santa Igreja no Concilio de Trento para evitar qualquer desvio de seus ministros, foi a possibilidade de a indulgência poder ser paga com obra em dinheiro. Por mais que isso não significasse um desvio da doutrina, a cobiça poderia fazer com que sacerdotes as aplicassem erroneamente, como fez Tetzel. Para evitar os abusos, veio a proibição.
Resumo da opera
-No momento da pregação das 95 teses, Lutero crê nas obras e crê na necessidade das indulgências. Sua mudança drástica se dará anos depois, quando de maneira revolucionária precisará extinguir os sacramentos para desfazer a estrutura eclesiástica e criar uma nova igreja centralizada nele, o que fica evidente quando, para solucionar a revolução campesina na Alemanha, Lutero sugere que a sua interpretação é a correta.
– O Papa e a doutrina da indulgência nunca foram o problema, mas a perversidade e malícia de quem se desviava da doutrina.
A armadilha tá aí, cai quem quer.
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